A Ria Formosa
Beleza Natural
As Ilhas e os Canais
No extremo sul de Portugal, na Região do Algarve, encontramos a Ria Formosa, que é um sistema lagunar em forma de triângulo, constituído por sapal e um número impressionante de canais que fazem lembrar um labirinto, dependente de marés e que são protegidos do Oceano Atlântico por um cordão dunar constituído por 2 penínsulas (Cacela e Ancão) e 5 ilhas barreira (Deserta, Culatra, Armona, Tavira e Cabanas). Possui uma área total de aproximadamente 18.400 hectares e uma extensão na orla costeira de aproximadamente 60 km. Está inserida dentro dos concelhos de Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António. Também pelo seu ecossistema e riqueza dos seus habitats, canais com possibilidade de navegação, acesso às ilhas barreira, etc., o Parque Natural da Ria Formosa é um importante sistema económico na região algarvia, fazendo com que centenas de profissionais ligados a diversas atividades, como a pesca, apanha de bivalves, viveiristas, pesca lúdica e atividades turísticas, dependam da sua existência e manutenção. Está inscrita na Convenção de Ramsar como zona altamente protegida e de extrema importância internacional para proteção do seu habitat para as aves aquáticas. Por esse motivo, todas e quaisquer atividades estão limitadas e restringidas por licenciamentos temporários e rigorosamente inspecionados pelas autoridades.
As Ilhas Barreira da Ria Formosa
Ilha da Culatra
Com uma extensão de 7 km, a Ilha da Culatra possui três núcleos populacionais: Culatra, Hangares e Farol. Pertence ao concelho de Faro e a barra entre a ilha da Culatra e a ilha da Armona (Barra velha) é a delimitação territorial entre os concelhos de Faro e Olhão. É a ilha barreira que possui o maior número de habitantes. Com uma tradição cultural e religiosa ímpar, os 3 núcleos são muito próximos geograficamente. Ao mesmo tempo, possuem realidades quotidianas diferentes uns dos outros. O ponto alto é a festa/procissão da Nossa Senhora dos Navegantes. Trata-se de uma procissão fluvial que tem lugar na Ria Formosa, entre a cidade de Olhão e a Ilha da Culatra. Ocorre no primeiro domingo de agosto e começa com a retirada da imagem da padroeira da comunidade piscatória da Culatra da capela local para ser levada a bordo de uma embarcação de pesca, pela ria Formosa, até Olhão. Desde 2021, esta festa está inscrita no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, segundo anúncio da Direção-Geral do Património Cultural publicado no dia 16 de Julho de 2021, no Diário da República. Os seus habitantes são caracterizados pela união e determinação, a qual ficou conhecida no dia 19 de Julho de 1987, dia das eleições legislativas, quando a população em peso decidiu boicotar as eleições e reivindicar melhores condições para os seus habitantes. Um dia histórico na ilha que jamais será esquecido pelo seu povo, tanto que a rua principal que atravessa o núcleo da Culatra foi batizada de “Avenida 19 de Julho”.
O Núcleo da Culatra
É o maior núcleo e fica localizado no centro da ilha. Habitado por cerca de 800 pessoas divididas por 6 – 7 famílias, na maioria pescadores, viveiristas e mariscadores. É uma aldeia de pescadores das mais típicas da Europa, onde podemos encontrar uma escola primária, um infantário, uma igreja, vários cafés e restaurantes, um parque infantil, um campo de futebol de relva sintética, várias mercearias, um posto médico, entre outras infraestruturas. A história do seu povo remonta a mais de 100 anos, onde a união faz a força e também porque quase todos os seus residentes têm um grau de parentesco entre si.
Desde o porto de abrigo até à praia, o caminho é longo (1 km.). Existe um passadiço de cimento até às dunas e outro de madeira das dunas até à costa. Mas o seu percurso permite atravessar toda a aldeia, caminhar nas ruelas estreitas, observar as casas típicas e sentir a simpatia das suas gentes! Bastante popular e turística desde o início do século XXI devido à sua gastronomia, restaurantes tradicionais e simplicidade do seu povo no que respeita ao “bem receber” os turistas.
Núcleo dos Hangares
Está localizado entre os núcleos da Culatra e do Farol. Como o próprio nome indica, tem algo a ver com aviões, neste caso, hidroaviões. Em 1918, por ocasião da Primeira Guerra Mundial, começou a ser construído na ilha, um Centro de Aviação Naval vocacionado para a luta anti-submarina. Apesar de parcialmente construído e utilizado, com o fim da guerra, o centro nunca foi oficialmente ativado, sendo as suas instalações utilizadas pela marinha portuguesa como infra-estruturas de apoio e centro de treinamento militar.
A sua pequena aldeia tem cerca de 100 habitantes, na maioria, pescadores reformados. Dos 3 núcleos da ilha, é o único que não possui uma rede pública de electricidade, esgotos e água potável. A energia para as casas é produzida por geradores a diesel ou painéis fotovoltaicos. A água provém de poços artesianos, reservatórios de águas pluviais ou mesmo água transportada por meio marítimo.
Uma das atrações são os seus viveiros de Ostra do Pacifico Crassostrea gigas, situados no outro lado da margem, mesmo em frente à aldeia. São as famosas “Ostras da Culatra”, denominação recentemente registada pela associação de produtores local. Anualmente, são centenas de toneladas produzidas desta espécie e exportadas maioritariamente para França. Durante a maré baixa, é possível observar os viveiristas em trabalho constante nas estruturas metálicas.
Núcleo do Farol
Carinhosamente chamado de “ilha do Farol” pelos algarvios, o núcleo do Farol é o local mais turístico e visitado da ilha da Culatra. Localizado no lado mais a ocidente da ilha, é onde se situa o histórico Farol de Santa Maria. Construído em 1851 e com 47 metros de altura, a sua torre branca cónica em betão, varandim e farolim vermelhos no topo, possibilitam a sua visualização a algumas milhas de distância.
Durante a época alta, este núcleo é bastante procurado pelos turistas nacionais e estrangeiros devido às suas praias, que além de possuírem um areal curto na maré alta, possibilitam mergulhos únicos em águas bem cristalinas. As suas casas típicas e pequenas, ganham vida e transformam um local super calmo e sem habitantes no outono-inverno, numa aldeia cheia de cultura e de veraneantes que ocupam e enchem as esplanadas dos bares e restaurantes típicos e tradicionais existentes neste núcleo na época alta.
Ilha da Armona
Ao longo de 9 km. de extensão, esta ilha é constituída por praias na Ria Formosa e voltadas para o mar. Do lado poente, fica a aldeia e o cais de embarque da Armona, onde à entrada é possível fazer logo a primeira paragem nos seus tradicionais bares e restaurantes. De seguida, encontramos um passadiço de cimento com cerca de 2 km. com muitas ramificações e que convida os turistas e visitantes a um percurso pelas ruelas estreitas com casas típicas e diversos pontos de paragem também para beber ou comer algo até chegar à praia do lado do oceano. Para além das habitações, existe uma área mais selvagem, onde é possível encontrar, por exemplo, camaleões e outros exemplares da fauna e flora local. Os habitantes não são muitos (cerca de 100), apesar de existirem mais de 150 habitações, porém, na época alta, a ilha é muito frequentada e as casas ocupadas. Um dos pontos mais bonitos da ilha é a sua lagoa, limpa, que convida a um mergulho quando a mare está mais alta. Situa-se junto à Ria Formosa, no lado mais a poente da ilha. A Armona também possui um parque de campismo e é bastante convidativa para a prática de desportos náuticos como canoagem, vela e mergulho. A pesca recreativa é também bastante popular. Se percorrermos a ilha pelo canal da ria, de ponta a ponta, iremos passar pelos viveiros de Amêijoa e Ostras até chegarmos ao outro lado da ilha, a nascente, onde iremos encontrar as famosas praias da Fuseta. Um lugar deserto e selvagem que só possui infraestruturas de praia e de desembarque de passageiros.
Ilha deserta / Barreta
A ilha Deserta ou ilha da Barreta é onde fica localizado o Cabo de Santa Maria que é o ponto mais a sul de Portugal Continental. Um local que hoje em dia é desabitado mas, até ao final dos anos 80 possuía cerca de 50 casas e alguns habitantes. Tem uma extensão de cerca de 9 km., com dunas e praias bastante largas e convidativas devido à pouca afluência. É uma zona de proteção total devido à sua rica fauna e flora, com cerca de 200 espécies de plantas diferentes e um dos poucos locais na Ria Formosa onde ainda é possível observar o Camaleão Chameleo chameleon. Ao redor da ilha Deserta é possível encontrar alguns ilhotes, principalmente na maré baixa e que proporcionam um cenário de “pequeno Caribe”, com as águas cristalinas que proporcionam contrastes únicos.
Ilha de Tavira
A mais frequentada das ilhas barreira durante o verão. A ilha de Tavira tem 11 km. de extensão, com praias únicas e famosas como a Praia de Tavira, Praia da Terra Estreita, Praia do Barril e a Praia do Homem Nú. Possui um parque de campismo, praias naturistas legalizadas e vários restaurantes típicos ao longo das várias praias. Na ilha é possível encontrar cerca de 20 casas de habitação, mas os residentes são muito poucos. É a única ilha da Ria Formosa onde é possível encontrar uma ponte pedestre e atravessar a pé, situada na aldeia de Pedras d´el Rei, próximo a Santa Luzia.